terça-feira, 16 de março de 2010

Blackberry entra no jogo


A canadense RIM começa a fabricar smartphones no Brasil. Com preços menores, vai brigar pelo consumidor final

Por Rodrigo Caetano
De futebol eles não entendem muito. Mas em matéria de telefones celulares, os canadenses da RIM (Research in Motion) podem ser comparados a seleções revolucionárias, como a da Holanda, de 1974, ou a da Hungria, de 1954. São eles que criaram e fabricam o BlackBerry, telefone inteligente (smartphone) que virou hit no mundo dos negócios.
 
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"Quando você tem os fundamentos e a tática correta, é possível crescer mais de 1.000%" 
Jim Balsillie, copresidente da Research in motion

 
É possível dizer que um executivo sem um BlackBerry é quase como um jogador de futebol sem chuteiras. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, brigou para poder usá-lo no exercício do cargo. Só que agora a empresa quer jogar também em outro campo: o do consumidor final brasileiro. Para isso, está iniciando a produção terceirizada de celulares na fábrica da Flextronics, em Sorocaba, São Paulo.
O modelo que inaugura a fabricação local, o Curve 8520, é recheado de aplicativos para o uso de redes sociais e compartilhamento de fotos e vídeos. Bem ao gosto do público jovem. “Quando você tem os fundamentos e a tática correta, é possível crescer mais de 1.000%”, afirmou Jim Balsillie, copresidente da empresa, que esteve no Brasil, na semana passada, para fazer o anúncio sobre a fabricação local, que foi antecipada por DINHEIRO na edição 606, de maio de 2009.
A frase de Balsillie foi cuidadosamente calculada. A RIM chega ao mercado brasileiro mostrando as suas credenciais: crescimento de vendas de mais de 1.300%, um milhão de BlackBerrys comercializados e uma fatia de 2,3% do mercado em 2009. Pouco? Sim, muito atrás da Nokia, a líder do segmento de celulares, e das coreanas LG e Samsung.
Mas, no quesito smartphone, a empresa canadense está atrás apenas da Nokia e à frente da Apple, com o seu badalado celular iPhone. O desafio da RIM para aumentar essa participação é convencer o mercado de que o seu celular pode ser atraente também para o consumidor final e não apenas para executivos engravatados.
 
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Em busca do público jovem: o Curve quer atrair os adolescentes com aplicativos para uso 
de redes sociais e compartilhamento de fotos e vídeos
Lá fora, esse mito já começa a ser derrubado. No Brasil, esse é o desafio. Um dos trunfos é a fabricação local, que vai deixar o aparelho, em média, 30% mais barato, pois ganha incentivos fiscais semelhantes aos de um computador. “Podemos esperar um posicionamento mais agressivo tanto da RIM como das concorrentes”, diz a analista da consultoria Gartner, Elia San Miguel. No ano passado, de acordo com dados da consultoria, os smartphones representaram 5,7% das vendas totais de aparelhos celulares no Brasil.
Este ano, o porcentual deve chegar a 8,6%. Em média, os consumidores brasileiros levam 18 meses para trocar de celular, destaca João Bruder, analista de telecomunicações da consultoria IDC. Ao final de cada ciclo, a tendência é de troca por um aparelho mais potente, com mais recursos. “Os telefones inteligentes aparecem quase sempre como a primeira opção”, diz.
O mercado de smartphones é considerado a nova “terra prometida” dos celulares. Tanto que tem atraído uma série de gigantes, como Google, Microsoft e Apple. Todas estão interessadas em um universo de cinco bilhões de pessoas, número estimado dos assinantes de serviços de telefonia móvel no mundo ao final de 2010. “Estamos aqui para anunciar o início da produção em março, não para dizer que vamos fabricar no Brasil um dia”, disse o copresidente da RIM, Jim Balsillie, dando a entender que vai disputar o mercado brasileiro com fome de bola. Enfim, as estratégias estão lançadas e o jogo está apenas começando. Uma conclusão, porém, já é possível: para a RIM, a melhor defesa é o ataque.

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